segunda-feira, 18 de abril de 2016

Dilma se diz indignada com decisão sobre impeachment; "tive meus direitos torturados", declara

(Foto: Agência Brasil)

Após ter a continuidade do processo de impeachment aprovada pela Câmara dos Deputados neste domingo (17), a presidente Dilma Rousseff se pronunciou sobre o caso em coletiva no Palácio do Planalto.

Com semblante sereno, Dilma declarou que teve seus direitos torturados e se disse tranquila para o prosseguimento do processo. “Enquanto uns dizem que esse é o fim, eu digo que é apenas no início da luta”, afirmou. 

Em seu discurso, a presidente Dilma acusou o vice-presidente Michel Temer (PMDB) de traidor e disse que ele conspirou contra o atual governo.

A presidente também reafirmou que não cometeu nenhum crime de responsabilidade fiscal, e que, portanto, o processo de impeachment é golpe de Estado. 

“Me sinto indignada e injustiçada. Mas, não vou me abater. Vou lutar porque acredito na democracia, e vou continuar acreditando. Não se pode condenar um inocente”, diz.

Dilma contou que assistiu a todas as intervenções dos deputados durante a votação e não viu “uma discussão sobre o crime de responsabilidade, que é a única maneira de se julgar um presidente no Brasil”.

“Injustiça sempre ocorre quando se esmaga o processo de defesa, mas também quando, de uma forma absurda, se acusa alguém por algo, primeiro, que não é crime, e segundo, acusa e ninguém se refere a qual é o problema”, disse.

Recorrendo à Constituição, a presidenta disse que o impeachment está previsto, mas “é necessária existência de crime de responsabilidade, para que a pessoa possa ser afastada da Presidência da República”.

Ao repetir várias vezes a palavra injustiça, Dilma disse que poderia bater em apenas uma tecla, de que não há crime, mas afirmou que é importante porque “é a tecla da democracia”.

"Os atos pelos quais me acusam foram praticados por outros presidentes antes de mim e não foram considerados atos ilegais ou criminosos. Portanto, quando me sinto indignada e injustiçada, é porque a mim se reserva um tratamento que não se reservou a ninguém. Atos baseados em pareceres técnicos. Nenhum deles beneficia a mim diretamente. Não são atos praticados para que eu enriquecesse indevidamente", afirmou.

Fazendo menção indireta ao presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, ela afirmou que “aqueles que têm conta no exterior” presidiram o processo. Ela declarou que possui a “consciência” que não há ilegalidade nos atos que assinou e motivaram o pedido de impeachment.

"Não os fiz ilegalmente e baseado em nenhuma ilegalidade. Tenho certeza que sabem que é assim. Todos sabem que é assim", disse.

Está é a primeira declaração pública de Dilma após os deputados aprovarem nesse domingo (17), por 367 votos, o prosseguimento do processo contra ela. Se a admissibilidade do afastamento for aprovada também pelos senadores, como foi na Câmara, a presidenta será afastada por até 180 dias, enquanto o Senado analisa o processo em si, e define se Dilma terá o mandato cassado.

Nesta segunda-feira (18), a presidenta recebeu líderes da base aliada na Câmara dos Deputados para debater estratégias. Após o encontro, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse hoje (18) que a luta para barrar o impeachment no Senado está “apenas começando”. 

Após sua fala, a presidente respondeu questionamentos de jornalistas. Após às perguntas, Dilma encerrou a coletiva de forma bem-humorada: "Não vai ter terceiro turno para as perguntas", brincou. 

Com informações da Agência Brasil 


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