sábado, 27 de fevereiro de 2016

Manoela: de estudante de sociologia à malabarista nos semáforos


(Foto: Josemário Alves) 

Você certamente vai lembrar de Manoela! Você já deve ter a visto em alguns dos semáforos, no Centro de Mossoró/RN. Manoela é argentina, tem 22 anos e há dois largou a faculdade de Sociologia para buscar seu maior sonho: Conhecer o mundo! De mala pronta, Manoela vive pelos ‘sinais’, fazendo malabarismo para ganhar a vida. Manoela tem sobrenome: Tacchei, vivia muito bem na Argentina com o pai, mãe e irmãos. Mas, ela queria mais.

Todos os dias, Manoela acorda cedo, junta os trocados que ganha nos sinais, toma café da manhã e vai para mais uma jornada de trabalho. Ela está hospedada em uma pousada no bairro Alto de São Manoel. Manoela saía de um mercadinho, tinha comprado um lanche. Quando perguntamos se podia falar um pouco de si para nossa reportagem¸ Manoela sorri. Sorri e responde: Sí, sí!

Manoela já morou no Uruguai e Paraguai. Ela está há cerca de um ano no Brasil, conheceu todas as regiões. Há uma semana em Mossoró, já está com as malas prontas para curtir o carnaval de Olinda, PE. “Dizem que é muito legal, vou com uns amigos que estão comigo na pousada”, comenta.
A jovem sonhadora estava insatisfeita com o modo de ensino da sociologia na faculdade. “Muito científico”, diz. Precisava de liberdade. “Eu percebi que posso ensinar sociologia na rua, é o melhor lugar”, afirma. Manoela aprendeu artesanato e malabarismo com amigos e decidiu seguir seu sonho. No início, sua família não gostou da ideia. “Foi bem difícil, sentia muita saudade. Eles ficaram preocupados, mas depois nos acostumamos, eles vêm me visitar”, afirma.

Durante a conversa, Manoela sorri o tempo todo. Deixou seu lanche de lado, e atendeu prontamente nossa equipe. Seus olhos brilham quando falamos em como é viver assim, tão livre. Sorridente, ela confessa: “A grande questão é viver intensamente o hoje. Sem se importar com o amanhã! Amanhã é outro dia”. Manoela, certamente, tem razão.

A jovem afirma que não é preciso de muito para viver. Ter onde dormir, comida e fazer o que gosta é o suficiente para estar feliz. No meio do caminho, Manoela conta com a solidariedade do brasileiro. “Policiais me dão água, pessoas de igrejas também ajudam, sem falar que no Brasil ninguém passa fome. Aqui tem comida de R$1, ajuda muito”, relata Manoela.

Por outro lado, a jovem relata ter sofrido com o olhar preconceituoso de alguns. “Tem uns que não gostam da gente, tem outros que gostam, já me negaram água, e alguns ficam olhando quando entro nos lugares, mas eu não ligo, fazer o quê?!”, diz. Ela conta que viver assim é divertido, é desafiador. É bom estar nas praças, aprendendo artesanato, malabarismo, e bebendo uma cervejinha com os amigos.

Tatuada, vestida de jeans, maquiada e cabelo fora dos padrões estéticos convencionais, Manoela segue seu sonho sem se importar com o que pensam. O sonho de estar aqui, depois não mais. Manoela pode não ter o padrão de vida de uma pessoa “normal”. Pode não ter muito dinheiro, casa ou carro. Manoela tem coragem. Manoela é livre como muitos gostariam de ser.  






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